Levada dos Piornais
Levada dos Piornais.
Foto de JONATHAN BLAIR, National Geographic
(MV)
"Levada do Norte - lanço sul - Execução da caixa da levada Serra de Água?"
Foto e texto no stand do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais, Expomadeira 2016
Tais cursos de água não são exclusivos da Madeira: o que é único é a sua acessibilidade e extensão. Basta aventurar-se apenas um bocado para fora das estradas principais para começar a apreciar a miríade de aquedutos da Madeira - pela sua beleza e engenhosidade de concepção e pela coragem e determinação necessárias para concretizar o conceito até atingir a sua presente glória. O sistema de irrigação da ilha é actualmente composto por uns impressionantes 2150 km de canais, incluindo 40km de túneis - e o trabalho iniciou-se há séculos atrás.
Os primeiros povoadores da Madeira começaram a cultivar as encostas mais baixas do sul da ilha, cortando poios (socalcos). Trabalhando com empreiteiros (que por vezes utilizavam trabalhadores escravos ou condenados) eles construíram as primeiras pequenas levadas, que transportavam água das nascentes mais acima nas encostas dos montes até às suas terras. A primeira legislação a regulamentar a utilização das levadas e os direitos de água data da segunda metade do século XV.
Nos princípios do século XX, havia cerca de 200 destas levadas, serpenteando por mais de 1000km. Muitas pertenciam a particulares e a apropriação indisciplinada de água fazia com que o bem mais valioso da ilha fosse frequentemente distribuído de forma injusta. De facto, em meados da década de 1930, apenas dois terços da terra arável da ilha estavam a ser cultivados - e apenas metade desses eram irrigados. Só o Estado possuía os meios económicos necessários para implementar um programa de construção em larga escala e a autoridade para impôr um sistema mais equitativo de distribuição.
Porque a verdade é que havia muita água para irrigação e torrentes que chegavam para gerar toda a energia necessária. As nuvens arrastadas para a ilha pelos ventos predominantes de nordeste são apanhadas pela cadeia montanhosa central, chegando a cair 2 metros de chuva por ano, no norte, enquanto que na costa meridional o tempo seco pode durar até seis meses.
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